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quinta-feira, 6 de junho de 2013
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
PARENTES, SÓCIOS E EMPRESAS FAMILIARES
3 regras para montar uma boa sociedade
Bem, dando sequencia às minhas reflexões sobre as palestras e os atendimentos durante as férias, queria falar sobre empresas familiares. Quem não conhece a história de alguma família que brigou e entrou em crise por causa de um negócio mal sucedido. É muitos triste conhecer essas histórias e é mais triste ainda observar como elas são comuns.
Por isso, antes de abrir uma empresa com um parente pense nas regras de bolso abaixo, podem minimizar muito os conflitos:
1 – hierarquia da empresa = hierarquia da família. Se vc chamou um parente para a sociedade ou para a empresa, a hierarquia na empresa vai ser mais ou menos a da família? Vc até pode ser chefe de um tio seu, ou de um irmão, dependendo do relacionamento, mas acha que vai conseguir realmente ser chefe do seu pai ou da sua mãe? Uma hora ou outra eles vão dizer que sabem o que fazer e que já trocaram suas fraldas. A relação familiar é muito forte e não há como separá-la completamente na hora do trabalho, lembre-se disso para não iniciar um conflito que depois pode se tornar impossível de administrar, prejudicando a empresa e mais ainda, a família.
2 – Regras claras. Quem é o diretor administrativo? Quem é o diretor de vendas? Se vc respondeu que “nós resolvemos juntos mas sou eu que cuido um pouco mais”, cuidado. Parece que as regras não são claras. O que não tem um responsável direto não está sendo bem feito e pode criar uma série de confusões na empresa. Por exemplo, aquele funcionário mais esperto pode muito bem responder a uma ordem sua dizendo que já falou com seu parente e que ele disse o contrário. “Mas o Dr. Fulano disse que...”, situação muito chata até porque vc não falou com o Fulano antes e tb não decidiu com Fulano quem é responsável pelo que. O bom colaborador não sabe com quem falar para ter orientação. O mal colaborador sabe muito bem o que fazer para passar para frente o que não quer fazer. A resposta correta seria “Tudo bem que vc falou com Dr. Fulano, mas quem cuida desse assunto sou eu”. Mas para dar certo, combine bem com o Fulano e acabe com as dificuldades de comunicação da equipe com a diretoria.
As regras claras também são importantes para diminuir conflitos e manter uma conversa racional com seu parente sobre a empresa. Dos clientes que atendo, muitos mantém um dia da semana só para a reunião da diretoria e para discutir a pauta já montada na semana anterior. Com a pauta em mãos e sabendo quem ficou responsável pelo que (lembrando que uma ação com dois responsáveis não tem responsável nenhum) a conversa flui. Fulano e como foi a reunião com o fornecedor X? Foi boa, foi ruim...considerações, etc....siclano conseguiu contratar um novo coordenador financeiro...e etc, etc. Quando “nós” temos que fazer isso, a ação cai num limbo, gera stress e não é feita.
O parente mais duro na queda, com mais energia e teimoso vai fazer tudo sozinho sem dar espaço para ninguém, “já que ninguém assume nada mesmo” e o mais polido ponderado vai se sentir um inútil, desrespeitado e não vai conseguir influir nas decisões da empresa. O parente 1 vai achar que o outro não tem energia e não assume compromisso. O parente 2 vai achar que o outro avança igual um touro desgovernado para o lado errado. Por isso, para evitar esta situação, combine antes, regras claras, reuniões pré-definidas e um organograma simples, mas bem feito.
3 – Complementariedade. A razão de ser de uma sociedade é o fato dos sócios se complementarem, terem habilidades diferentes e poderem ser mais produtivos juntos do que separados. Se o meu sócio vai fazer o mesmo que eu, nós dois seremos vendedores, por exemplo, atenção. Pode ocorrer uma disputa por lugar na empresa, “quem vende mais?”, que se alastra pela família, “qual o parente mais importante e que mais ajudou os outros?”, tornando o clima tenso a ponto de prejudicar a produtividade de ambos. Por isso, se eu vendo, vc administra, se eu sou bom tecnicamente, vc administra ou vende. É preciso que as funções sejam complementares. Se vc necessita de alguém para fazer o que vc já faz, como se fosse um braço a mais, talvez a melhor opção seja contratar um colaborador, que vai estar sob suas ordens e trabalhar da maneira que vc gosta, não um sócio.
Mas cuidado, essa complementariedade tem que ser de fato e não gerar um grande assimetria de poder na empresa. Recebo muitos clientes que querem abrir uma oficina mecânica, mas não entendem nada de mecânica ou uma loja sem nunca terem vendido. Quando pergunto um pouco mais sobre a ideia me contam do parente ou do sócio que vai ser o mecânico ou o vendedor. Bem vejamos, se eu abri um salão de beleza sem saber cortar cabelo e tenho uma sócia cabelereira que é a pessoa de fato mais importante da empresa, o que acontece com ela se eu quiser sair da empresa? Bem, ela vai ter o trabalho de conseguir um outro caixa, nada demais. E se ela sair da empresa? Bem...ela leva todos os clientes com ela...e eu estou falido. E esta é uma história que já vi muitas vezes.
A ideia deste post não é fazer ninguém desconfiar dos parentes ou desistir da sociedade. Grande parte das empresas são familiares e grandes empresas de sucesso começaram como pequenas empresas familiares. Além disso, uma sociedade com parentes pode ser forma barata de conseguir recursos para começar um negócio. O ponto deste post é alertá-lo para o que é necessário para que sua chance sucesso aumente. Claro, há empresas que não seguem nenhuma das regras acima e dão certo, como também existe o Romário, um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos que não gostava de treinar. Mas o planejamento nos ajuda a minimizar nossos riscos. E a grande maioria dos mortais precisa treinar. O Pelé treinava.
leia também http://coracaoconfiante.blogspot.com/
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PLANEJAMENTO
Resolvi aproveitar as férias para postar no meu blog também algumas reflexões que foram surgindo depois das palestras e atendimentos deste ano. Nem sempre tenho tempo de fazer isso, algo que gosto muito, por conta da correria dos atendimentos, então, aproveitemos as férias. Férias para mim é um tempo de descanso, reflexão, quase um retiro espiritual para voltar melhor e com mais energia para o trabalho. E também, nem posso dizer que estou falando de trabalho.
Afinal, como diria aquela frase já famosa, que uns dizem que é do Sílvio Santos e outros do Comandante Rolim Amaro da TAM: “na vida a gente tem que fazer o que gosta para nunca ter que trabalhar”. Felizmente, estou fazendo o que gosto.
Eu arriscaria dizer que pelo menos 75% dos 790 clientes que atendi este ano (sendo que cerca de 40% são empresários) não tem ou desconhecem bons controles financeiros. “Eu estou para implantar um sistema” é o que a grande maioria diz quando perguntados sobre fluxo de caixa ou os demonstrativos de resultado da empresa e aí começamos uma conversa, e eu já tenho os argumentos de cor, de que não adianta ter um sistema se não sabemos o que vamos controlar.
Sem dizer que, com todo respeito ao pessoal de TI, sistemas sempre dão problemas e sempre precisamos de um técnico e esse técnico sempre demora e...aí já não temos mais dois, mas três quatro problemas...bem, resumindo, primeiro precisamos saber o que estamos controlando.
Lembro que quando trabalhei na controladoria de uma multinacional, nosso diretor sempre pegava erros nos relatórios da empresa com base em 3 ou 4 números que ele sabia de cabeça sobre o negócio. Números que meu chefe com “muito humor” dizia que nosso diretor anotava num papel de pão, rs. Aprendi assim a primeira lição para ter bons controles: simplicidade. Embora o mais simples para sua organização já possa ser algo enorme para outra, procurar ser o mais simples possível sempre, gastar pouco tempo nos relatórios e bastante na análise e no desenvolvimento do negócio.
Por outro lado, eu que era um estagiário que estava ainda aprendendo a sobreviver, queria mostrar tanto serviço que cheguei a ter mais pastas do que arquivos, gastando horas para controlar contas que não representavam nem 0,5% do nosso resultado. Segunda lição bem aprendida: relevância. Embora observando que na maioria dos casos as empresas não têm bons controles financeiros, em alguns casos noto também empresários de boa formação acadêmica ou que trabalharam em multinacionais que caem no paradoxo de “mais arquivos do que pastas”. Os controles são para controlar, não para impressionar.
Mas ter bons controles financeiros está associado à ideia de planejamento (afinal quanto custa isto que estou fazendo?) , o que por sua vez exige um certo gosto pelo raciocínio analítico, lógico, meio matemático. E aqui temos uma barreira cultural enorme para vencer em nosso país. Primeiro por uma limitação técnica, eu arriscaria dizer que pelo menos os mesmos 75% dos meus clientes não sabem que 10% = 0,1. E aí sem o domínio de ferramentas básicas de matemática, qualquer planejamento se torna muito difícil. E o outro aspecto importante é a “cultura da esperteza”.
Alguns economistas como Jeffrey Sachs e Eduardo Gianetti explicam o comportamento dos empresários com base em argumentos demográficos. Populações que habitavam regiões de inverno rigoroso teriam uma tendência maior a desenvolver o raciocínio analítico e assim a capacidade planejamento por uma razão bem simples: se você planejasse errado sua safra no norte da Europa há 200 anos atrás você morreria de fome no inverno. Eu particularmente penso que este é um fator entre vários, mas não deixa de ser um raciocínio interessante do impacto do ambiente sobre o comportamento.
Lendo uma biografia do Barão de Mauá, primeiro grande empresário brasileiro, vemos que no século XIX só havia duas maneiras de se ganhar dinheiro no Brasil: a primeira era não ser brasileiro, ser inglês ou português, o que te daria acesso ao lucrativo comércio internacional, ou ser ilegal. E esta era a estratégia de muitos brasileiros. A saída encontrada por alguns brasileiros foi traficar escravos de forma ilegal. Os recursos desse tráfico deram origem ao Banco do Brasil e depois às primeiras elites nacionais. Estava aí forjado o nascimento de uma instituição com leis propositalmente frágeis e de uma cultura empresarial que privilegiava a “esperteza” em detrimento do trabalho e do planejamento.
Anne Krueger, que trabalhou como executiva no FMI no Banco Mundial, tem trabalhos importantes sobre o que a literatura chama de rent seeking , uma teoria que aponta que em países em que a justiça é frágil, as pessoas mais inteligentes tendem a ir para a ilegalidade, onde obtém mais lucro e isso cria um círculo vicioso onde cada vez se torna menos interessante ser um empreendedor, digamos, “certinho”.
Bem, poderíamos falar horas sobre a fragilidade institucional do nosso país, o custo Brasil e tudo mais, mas o que deve fazer um empresário que, como muitos brasileiros, acham que sua alma vale mais do que seu bolso? Primeiro é preciso levar tudo isso em conta. E identificar uma boa oportunidade de negócio. Um nicho em que a competição desleal seja menor, como tem feito muitos jovens como o proprietário da Boo-Box que faz marketing em redes sociais, algo inovador. A outra coisa é saber que competir por preço é sempre mais difícil num mercado como o nosso, assim, é preciso se diferenciar tecnicamente, criar barreiras para competição direta do concorrente, tendo sempre o que ele não tem.
É preciso estar sempre duas curvas à frente do concorrente. Quem chegou primeiro tem mais tempo para desenvolver um novo produto ou processo.
E é preciso estudar. E aqui talvez esteja um grande desafio das instituições de apoio aos empresários. Não necessariamente estamos falando de formação acadêmica, mas é preciso levar em conta que é preciso compensar o déficit educacional de uma geração inteira de empresários. Boa redação e matemática fundamental fazem sim diferença no dia-a-dia dos negócios. Scott Shane apontou no livro que lançou este ano (Ilusions of Entrepreneurship) o caminho padrão dos empresários de sucesso baseado numa pesquisa com 12.000 executivos: identificar uma boa oportunidade de negócio, planejamento e estudo, busca de informações relevantes sobre o mercado.
Boa redação faz diferença para vender para clientes mais sofisticados, matemática fundamental é essencial para fazer fechar as contas do mês, para uma empresa que cresce muito rapidamente, um MBA em gestão estratégica pode ser um diferencial de longo prazo. Mesmo Alexandre Tadeu da Costa, dono da Cacau Show a maior rede de chocolates finos do mundo, e brasileira, fez um curso de chocolateiro na Bélgica quando a empresa já estava rodando há alguns anos.
Ayrton Senna se tornou um exímio piloto na chuva exatamente porque achava que era um mal piloto na chuva. Muitas multinacionais quando querem promover alguém para CEO mandam o candidato para ser presidente da filial brasileira para aprender a bater metas num mercado importante, mas muito mais desafiador em termos institucionais.
Não tem jeito, planejar e planejar. E se você é brasileiro, planejar, planejar e planejar. É para desanimar? Não! É para conhecer bem o adversário e sabendo os seus pontos fracos correr para cima dele com a faca nos dentes.
leia também http://coracaoconfiante.blogspot.com/
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008
MARAVILHOSA MULHER MODERNA
Era uma vez uma mulher dedicada, à frente de seu tempo, amada por todos, respeitada no seu trabalho, desejada, sexy e mãe de crianças lindas. Ela acordava todos os dias às 6h, levava as crianças para a escola, entrava no trabalho às 8h e trabalhava 12 horas por dia. Para manter a forma, malhava mais uma hora na academia. Fazia pós para crescer na carreira, 3h diárias de estudo! E claro, super-mãe, ainda gastava 2h por dia para brincar com as crianças e ver se estavam fazendo tudo direitinho. Merecidamente, dormia um sono de beleza de 8h, como manda a boa medicina. Aos finais de semana, passeio com as crianças, barzinho com as amigas, filmes cult e tempo para meditação. Seria tudo lindo, não fosse um detalhe : sua jornada tem 27 horas! rs.
Lembro de uma entrevista de emprego que fiz. Cheia de veneração a moça do RH (são sempre mulheres, rs) apresentou minha futura chefe, que tinha abandonado sua recuperação porque fazia questão de acompanhar minha contratação. Ela tinha sofrido um acidente de carro, estava com a boca cheia de aparelhos para reconstruir os dentes, um braço quebrado e andava com dificuldade. Não entendi uma palavra do que ela disse.
Pra que isso?
Para descontar no trabalho e buscar na aprovação dos outros uma super-bonder que cole nossas almas em cacos? Ou uma pá de terra para tampar (ou encobrir) o vazio?
Para uma vida alternativa, acesse: http://www.saintgianna.org/main.htm
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