quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PARENTES, SÓCIOS E EMPRESAS FAMILIARES


3 regras para montar uma boa sociedade

Bem, dando sequencia às minhas reflexões sobre as palestras e os atendimentos durante as férias, queria falar sobre empresas familiares. Quem não conhece a história de alguma família que brigou e entrou em crise por causa de um negócio mal sucedido. É muitos triste conhecer essas histórias e é mais triste ainda observar como elas são comuns.

Por isso, antes de abrir uma empresa com um parente pense nas regras de bolso abaixo, podem minimizar muito os conflitos:

1 – hierarquia da empresa = hierarquia da família. Se vc chamou um parente para a sociedade ou para a empresa, a hierarquia na empresa vai ser mais ou menos a da família? Vc até pode ser chefe de um tio seu, ou de um irmão, dependendo do relacionamento, mas acha que vai conseguir realmente ser chefe do seu pai ou da sua mãe? Uma hora ou outra eles vão dizer que sabem o que fazer e que já trocaram suas fraldas. A relação familiar é muito forte e não há como separá-la completamente na hora do trabalho, lembre-se disso para não iniciar um conflito que depois pode se tornar impossível de administrar, prejudicando a empresa e mais ainda, a família.

2 – Regras claras. Quem é o diretor administrativo? Quem é o diretor de vendas? Se vc respondeu que “nós resolvemos juntos mas sou eu que cuido um pouco mais”, cuidado. Parece que as regras não são claras. O que não tem um responsável direto não está sendo bem feito e pode criar uma série de confusões na empresa. Por exemplo, aquele funcionário mais esperto pode muito bem responder a uma ordem sua dizendo que já falou com seu parente e que ele disse o contrário. “Mas o Dr. Fulano disse que...”, situação muito chata até porque vc não falou com o Fulano antes e tb não decidiu com Fulano quem é responsável pelo que. O bom colaborador não sabe com quem falar para ter orientação. O mal colaborador sabe muito bem o que fazer para passar para frente o que não quer fazer. A resposta correta seria “Tudo bem que vc falou com Dr. Fulano, mas quem cuida desse assunto sou eu”. Mas para dar certo, combine bem com o Fulano e acabe com as dificuldades de comunicação da equipe com a diretoria.

As regras claras também são importantes para diminuir conflitos e manter uma conversa racional com seu parente sobre a empresa. Dos clientes que atendo, muitos mantém um dia da semana só para a reunião da diretoria e para discutir a pauta já montada na semana anterior. Com a pauta em mãos e sabendo quem ficou responsável pelo que (lembrando que uma ação com dois responsáveis não tem responsável nenhum) a conversa flui. Fulano e como foi a reunião com o fornecedor X? Foi boa, foi ruim...considerações, etc....siclano conseguiu contratar um novo coordenador financeiro...e etc, etc. Quando “nós” temos que fazer isso, a ação cai num limbo, gera stress e não é feita.

O parente mais duro na queda, com mais energia e teimoso vai fazer tudo sozinho sem dar espaço para ninguém, “já que ninguém assume nada mesmo” e o mais polido ponderado vai se sentir um inútil, desrespeitado e não vai conseguir influir nas decisões da empresa. O parente 1 vai achar que o outro não tem energia e não assume compromisso. O parente 2 vai achar que o outro avança igual um touro desgovernado para o lado errado. Por isso, para evitar esta situação, combine antes, regras claras, reuniões pré-definidas e um organograma simples, mas bem feito.

3 – Complementariedade. A razão de ser de uma sociedade é o fato dos sócios se complementarem, terem habilidades diferentes e poderem ser mais produtivos juntos do que separados. Se o meu sócio vai fazer o mesmo que eu, nós dois seremos vendedores, por exemplo, atenção. Pode ocorrer uma disputa por lugar na empresa, “quem vende mais?”, que se alastra pela família, “qual o parente mais importante e que mais ajudou os outros?”, tornando o clima tenso a ponto de prejudicar a produtividade de ambos. Por isso, se eu vendo, vc administra, se eu sou bom tecnicamente, vc administra ou vende. É preciso que as funções sejam complementares. Se vc necessita de alguém para fazer o que vc já faz, como se fosse um braço a mais, talvez a melhor opção seja contratar um colaborador, que vai estar sob suas ordens e trabalhar da maneira que vc gosta, não um sócio.

Mas cuidado, essa complementariedade tem que ser de fato e não gerar um grande assimetria de poder na empresa. Recebo muitos clientes que querem abrir uma oficina mecânica, mas não entendem nada de mecânica ou uma loja sem nunca terem vendido. Quando pergunto um pouco mais sobre a ideia me contam do parente ou do sócio que vai ser o mecânico ou o vendedor. Bem vejamos, se eu abri um salão de beleza sem saber cortar cabelo e tenho uma sócia cabelereira que é a pessoa de fato mais importante da empresa, o que acontece com ela se eu quiser sair da empresa? Bem, ela vai ter o trabalho de conseguir um outro caixa, nada demais. E se ela sair da empresa? Bem...ela leva todos os clientes com ela...e eu estou falido. E esta é uma história que já vi muitas vezes.

A ideia deste post não é fazer ninguém desconfiar dos parentes ou desistir da sociedade. Grande parte das empresas são familiares e grandes empresas de sucesso começaram como pequenas empresas familiares. Além disso, uma sociedade com parentes pode ser forma barata de conseguir recursos para começar um negócio. O ponto deste post é alertá-lo para o que é necessário para que sua chance sucesso aumente. Claro, há empresas que não seguem nenhuma das regras acima e dão certo, como também existe o Romário, um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos que não gostava de treinar. Mas o planejamento nos ajuda a minimizar nossos riscos. E a grande maioria dos mortais precisa treinar. O Pelé treinava.

leia também http://coracaoconfiante.blogspot.com/

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